6 de março de 2012

"Todo o conceito que não evolui torna-se um preconceito"


Esta semana li algures a frase que dá o título a este primeiro post, e que me pareceu estar interligada ao objectivo que está na base da criação deste blog. Apenas a título de curiosidade, foi escrita por um pensador humanista de nome Carlos Bernardo González Pecotche de nacionalidade argentina.

Como apresentação do tema deste blog, e tendo em conta a sua génese académica, concretamente à reflexão sobre conceitos emergentes na sociedade (enquanto designação actual) de Responsabilidade Social e Sustentabilidade por parte das organizações/marcas, vou expor-vos uma breve contextualização de forma elucidativa.

É certo e sabido que ao vivermos em sociedade devemos, não só por força da ordem incutida mas principalmente pela consciência moral da cada um de nós, reger pelos seus valores, princípios e regras.
Numa mesma sociedade onde um mercado complexo e imenso surgiu de forma exponencial nas últimas centenas de anos, e veio amplificar na consciência humana, a noção da necessidade de um controlo e regulação de toda uma actividade empresarial que está inserida num contexto social sendo por isso crucial a busca de uma vivência plena pautada pelo respeito ao outro.
Neste sentido surgiu, naturalmente, códigos de conduta e de ética que todo o tipo de organização deve adoptar na sua actuação na e para a sociedade enquanto sistema composto por subsistemas, e ainda como um sistema aberto, tendo por isso, outros sistemas que a envolvem. Estes códigos determinam portanto, através políticas ou princípios, como uma empresa/organização (ou os indivíduos constituintes) se deve comportar, tendo sempre como ponto de referência a ética e o profissionalismo. Ou seja, percebe-se aqui que as organizações devem fomentar o desenvolvimento destes mesmos sistemas, independentemente do seu lucro.
Ora ao abordar os códigos de ética reportamo-nos para um conceito de responsabilidade social (enquanto conceito integrante na política de actuação das organizações enquanto sistemas sociais) nos seus primórdios, pois hoje em dia este conceito evoluiu. Evoluiu no sentido em que se desprende da ligação forçada à filantropia e passa (essencialmente) por: adoptar uma atitude de respeito à envolvente local da organização, preocupação com a qualidade dos serviços ou produtos, obrigatoriedades legais e comunitárias, protecção do meio ambiente e da humanidade, uma comunicação interna consistente e empreendedora, e uma comunicação externa pautada pela transparência, credibilidade e equidade pois é certo que a noção, por parte das organizações, do direito que os públicos têm à informação (objectivos, políticas de actuação, actividades, etc..) é por si só uma responsabilidade social.
Assim, tendo em linha de conta a evolução da sociedade no que respeita às novas pressões sociais ou aos novos valores que se emanam, os horizontes da actividade empresarial alargaram-se, sendo neste sentido que surge o conceito de Responsabilidade social e que no fundo, é uma fundamental área estratégica de uma organização que reflecte uma sociedade em busca de uma convivência entre indivíduos pauta pela harmonia, respeito e solidariedade. Importante se torna aqui evidenciar que esta área estratégica, passa essencialmente, pelo trabalho das Relações Públicas, pois têm em comum um valor fundamental que é o interesse público.

Posto isto, parece-me agora acertado enfatizar a importância da evolução deste tipo de conceito e a sua divulgação por parte das organizações… pois é necessário perceber a importância de evitar estados de abusão por parte das populações para assim impedir preconceitos e cegueira moral, permitindo um caminho mais amplo na contínua evolução da sociedade
Com isto querendo dizer que é importante fomentar este conceito de responsabilidade social, por parte de qualquer tipo de organismo, nas suas mais variadas vertentes objectivando o desenvolvimento pleno e consciente dos indivíduos pois “todo o conceito que não evolui torna-se um preconceito”.