3 de junho de 2012

Pingo Doce e Mattel

Ninguém ficou indiferente ao sucedido no passado dia 1 de Maio nas lojas Pingo Doce com a correria à promoção… Numa das minhas aulas de reputação e responsabilidade social semanas atrás, a turma debatia este assunto com a professora e críticas como “falta de cidadania!”, “probreza de espírito!” ou ainda “incentivo ao consumo!” surgiram para refutar a ideia de que esta iniciativa poderia ser uma acção de responsabilidade social… Pois certamente que não foi!

No entanto exponho a seguinte notícia em versão online da edição impressa da revista Marketeer (Maio 2012 nº190):


Quarta-feira, 4 de Abril, 2012: O Pingo Doce e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) anunciaram hoje que a marca do Grupo Jerónimo Martins vai antecipar o prazo de pagamentos a 402 fornecedores nacionais de frescos. Nos próximos 12 meses, o Pingo Doce vai pagar a esses fornecedores até 10 dias após a entrega dos produtos, contra a média actual de 60 dias.
A iniciativa abrange cerca de metade dos fornecedores de frescos do Pingo Doce, e visa combater a falta de liquidez dos produtores nacionais. Num contexto de seca extrema e em que «a tesouraria dos agricultores está depauperada», devido ao aumento dos custos de produção e às dificuldades de acesso ao crédito, o objectivo prioritário desta iniciativa é o de «colocar dinheiro dentro das explorações o mais rapidamente possível», anunciou João Machado, presidente da CAP, na apresentação da iniciativa, que decorreu na sede da CAP, em Lisboa.
Apesar de a medida ter um impacto financeiro estimado entre 80 a 100 milhões de euros no capital circulante do Pingo Doce, a cadeia de supermercados justifica a iniciativa pela necessidade de «manutenção da cadeia de abastecimento alimentar». «Somos confrontados todos os dias com fornecedores que fecham portas», lamentou Pedro Leandro, director comercial do Pingo Doce. «Queremos evitar que surjam situações adicionais», reiterou.
A medida não prevê uma redução dos custos dos produtos fornecidos pelos agricultores seleccionados. «Vamos antecipar o pagamento sem quaisquer custos financeiros para os fornecedores», garantiu Pedro Leandro, acrescentando que a medida não implica a celebração de novos contratos com os fornecedores. «A CAP nunca entraria num acordo destes com o Pingo Doce se fosse acrescentado um desconto comercial», reforçou João Machado, que expressou «esperança que esta medida possa ser seguida por outros» distribuidores.
Os 402 fornecedores abrangidos por esta medida, que representam cerca de 700 produtores, correspondem a fornecedores de pequena e média dimensão que mantêm uma relação comercial há pelo menos cinco anos com o Pingo Doce. «São fornecedores que nos entregam com regularidade e que pelo menos cumprem 95% das nossas encomendas, e para os quais nós [Pingo Doce] temos uma relevância no negócio deles de pelo menos 50%», justificou Pedro Leandro, explicando que os parâmetros de escolha dos fornecedores visaram assegurar que a «medida teria impacto.» (in http://marketeer.pt/2012/04/04/pingo-doce-reduz-prazo-de-pagamento-a-fornecedores-para-10-dias/)


Parece-me que aqui se demonstra uma acção que vai ao encontro dos pressupostos da responsabilidade social organizacional. Pois se realçarmos o facto dos fornecedores serem um «público» fundamental para a organização/marca Pingo Doce, esta tem que os «estimar» principalmente se estes enfrentam determinados problemas e que não solucionados podem obviamente ter consequências negativas para a empresa.


Ainda na mesma publicação e apenas a título de curiosidade vou expor uma outra noticia que podemos, de certa forma, olhá-la como uma iniciativa de RSC…:


«Mattel destribui barbies carecas por crianças com cancro: A empresa de brinquedos Mattel aceitou um desafio colocado por um movimento nas redes sociais (criado por duas mulheres norte-americanas) e vai produzir, no próximo ano, uma Barbie sem cabelo. A nova versão da boneca não será comercializada, mas destribuída em hospitais a crianças que perderam o cabelo na sequência de tratamentos a doenças oncológicas. A Barbie careca será também acompanhada por acessórios de moda, tais como perucas, chapéus ou lenços.»  (In Revista Marketeer edição de Maio 2012 , nº190 p.13)


Sustentabilidade


A definição de “sustentável” Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

1. Que se pode sustentar.
2. Que se pode defender.
3. Que tem condições para se manter ou conservar

Como se depreendeu pela brevíssima análise ao artigo que coloquei no post anterior, uma das questões fundamentais aquando da aplicação de uma atitude socialmente responsável por parte de qualquer empresa, é que aquela se verifique no quotidiano, se prolongue no tempo procurando, portanto, uma continuidade. Ora isto reporta ao conceito tão emergente nos dias de hoje que é o da Sustentabilidade, pois implica que se configure ao desenvolvimento organizacional (e ambiental, social, económico, etc.) “condições para se manter ou conservar” no tempo.
Em suma o que se pretende realçar é a necessidade de uma aplicabilidade sustentável dos modelos de gestão organizacionais, pois uma vez mais não podemos esquecer que qualquer organização por estar inserida numa sociedade contribui naturalmente para o seu desenvolvimento e que como tal se emana automaticamente responsabilidades, deveres e obrigações que não devem ser descurados e que se devem poder “sustentar” e “defender”.

Por forma a fundamentar este post, vou deixar-vos com um vídeo bastante elucidativo do que trata este conceito de sustentabilidade:

“Sustainability explained through animation”: